04/09/2024 às 12h00min - Atualizada em 07/09/2024 às 00h00min
Juan Calvet: A Arte que Celebra Identidade e Resistência na Prorrogada Exposição do MAR
Jéssica Nayara
Divulgação A exposição “FUNK: Um Grito de Ousadia e Liberdade”, que acontece no Museu de Arte do Rio (MAR) foi prorrogada até abril de 2025. O ilustrador Juan Calvet apresenta seis de suas obras na exposição. As peças, oriundas de três projetos distintos, destacam a versatilidade e o olhar único de Calvet sobre a cultura contemporânea.
Entre as obras expostas, quatro foram encomendadas pela Lacoste Brasil para celebrar os 90 anos da marca. “A ideia era retratar pessoas vestindo a marca Lacoste, mas com o meu toque pessoal, na minha estética”, explica Juan. Essas ilustrações não apenas refletem a identidade da marca, mas também a visão criativa do artista. Outra peça em destaque é uma releitura da icônica capa do álbum A Tábua de Esmeralda, de Jorge Ben, criada para a Pineapple, uma das maiores gravadoras de rap do Brasil. Essa obra faz parte do projeto colaborativo “Músicas para Fumar Balão”, no qual Calvet produziu uma das 12 capas para os artistas Big Bllakk e Derxan, unindo o passado e o presente em um diálogo visual poderoso.
A última obra, intitulada “Olhares”, foi criada para a exposição Paralela 22, realizada no bairro do Engenho de Dentro. “O objetivo era representar os olhares da sociedade sobre nós, pretos”, revela Calvet. Essa peça ressoa como um comentário incisivo sobre a experiência negra no Brasil, convidando o público a refletir sobre as percepções sociais e raciais. A mostra, que foi considerada a principal do ano pelo MAR, oferece uma imersão profunda na história e na cultura do funk carioca, indo além da música para explorar suas raízes urbanas e periféricas, sua dimensão coreográfica, e os impactos estéticos, políticos e econômicos que o gênero tem gerado ao longo do tempo.
Juan Calvet, de 25 anos, é um nome que vem ecoando cada vez mais alto no cenário artístico brasileiro. Desde criança, o desenho sempre fez parte da sua vida, seja nos rabiscos em cadernos ou nas cores de suas pinturas. Na adolescência, esse talento se expandiu para o digital, quando ele descobriu a ilustração digital e começou a transformar seu amor pela arte em uma carreira promissora. Hoje, ele se identifica como um multiartista, transitando com maestria entre o digital e o tradicional.
Para Juan, a ilustração vai além: é uma forma de dar voz à sua história e à de muitos outros. Sua arte é uma ponte entre o que vive e o que sente, onde a representatividade negra ocupa um lugar central. "Sempre busco ilustrar o povo negro, assim como eu. Isso é extremamente importante, principalmente nos dias de hoje, onde tentam silenciar quem sofre tanto preconceito", afirma. Juan não apenas retrata o cotidiano, mas o faz de uma forma que toca o público. "Acredito que meu diferencial seja fazer com que as pessoas se enxerguem nas minhas artes, que elas tenham um gatilho emocional quando veem um trabalho meu. Mesmo variando nos traços, sempre coloco uma energia que torna meu estilo reconhecível", comenta.
Sua jornada na ilustração começou em 2013, com apenas 15 anos, ao adquirir uma mesa digitalizadora usada. Essa paixão pelo desenho logo chamou a atenção da Wacom, a maior empresa de produtos digitais do Brasil, que, impressionada com seu talento, presenteou-o duas vezes com novas mesas digitalizadoras. Juan Calvet não é apenas um ilustrador; ele é um contador de histórias, um artista que dá voz e cor às experiências negras no Brasil, mostrando que a arte pode, sim, ser uma poderosa ferramenta de resistência e representatividade.
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JESSICA NAYARA FLAUSINO
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